A "Veja" que está nas bancas publica reportagem em que trata de investigações envolvendo o presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio Andrade, que deverá assumir uma cadeira no Senado, pelo PR-MG, como suplente do senador Eliseu Resende (DEM-MG), morto na semana passada.
"Agora, descobre-se que [Clésio] é acusado na Justiça Federal de lavagem de dinheiro e ocultação de recursos", informa a revista.
A descoberta, a rigor, não é nova.
Em agosto de 2004, a Folha revelou --em reportagem do editor deste Blog e do jornalista Paulo Peixoto, da sucursal de Belo Horizonte-- que o Ministério Público Federal investigava a suspeita de lavagem de dinheiro para financiamento de campanha eleitoral em operações realizadas por duas instituições dirigidas pelo então vice-governador de Minas Gerais.
O juiz Jorge Macedo Costa, então na 4ª Vara Federal de Belo Horizonte, determinara a quebra de sigilo bancário do Idaq (Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte), vinculado à CNT, e do Instituto J. Andrade, de Juatuba (MG), instituição de ensino superior cuja entidade mantenedora também era presidida pelo vice-governador.
O pai de Clésio, pecuarista Oscar Soares Andrade, do PL, era candidato a prefeito de Juatuba, terra natal do vice-governador.
Segundo a Folha apurou, operações de cerca de R$ 12 milhões realizadas pelo instituto de Juatuba teriam chamado a atenção do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
"Eu sei muito pouco, porque é um processo que tramita em sigilo. Havia informações truncadas. Entramos com mandado de segurança no Tribunal Regional Federal [TRF-1, em Brasília], mas desistimos dessa ação porque o juiz federal suspendeu a quebra do sigilo", disse Clésio, na ocasião, por telefone.
O advogado Décio Torres Freire impetrara o mandado de segurança em nome dos dois institutos, de Clésio Andrade e de sua mulher, Adriene Barbosa de Faria Andrade, ex-prefeita de Três Pontas (MG), ex-presidente Associação Mineira de Municípios e atualmente conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais.
Em julho de 2005, nova reportagem da Folha revelou que, entre janeiro e maio de 2004, a agência do Banco Rural em Brasília fez pagamentos em espécie no total de R$ 7,9 milhões ao Idaq (Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte), em moldes semelhantes às transferências de recursos do mensalão petista. Como os saques fugiam ao padrão, o Coaf informou as transações ao Ministério Público Federal.
Ao depor à Polícia Federal na investigação do mensalão, o ex-tesoureiro da agência do Banco Rural em Brasília, José Francisco de Almeida Rego, citou a CNT e o Idaq como as entidades que mais sacavam da agência, depois da SMPB Comunicação, de Marcos Valério Fernandes de Souza. O ex-tesoureiro disse que os saques eram feitos por uma diretora financeira do Idaq. Clésio Andrade foi sócio de Valério na SMPB e na DNA. O vice-governador encerrou a sociedade com Valério em 28 de julho de 1998, quando transferiu suas quotas.
O advogado Décio Torres Freire disse, na ocasião, que "o processo que foi instaurado é baseado puramente em presunção".
Segundo a "Veja", "Clésio se disse surpreso. Afirmou desconhecer o processo e prometeu que adotaria providências enérgicas para esclarecer a questão: 'Abrirei uma sindicância para apurar o destino desses recursos'", anunciou.
(*) Acesso a assinantes do jornal e do UOL:
Nenhum comentário:
Postar um comentário